Será mantido pelo Grupo de Estudos do Terreiro da Vó Benedita

Tentaremos colocar aqui a religião de uma forma pratica com uma linguagem simples de se entender, sem usar expressões antigas e desconhecidas, mas sim simplificando, da forma que nosso mentor o Caboclo das Sete Encruzilhadas quer que seja nossa religião.

A Umbanda é simples, pessoas que não estudam que não se atualizam que tem medo, que tem vaidade que complicam nossa Sagrada.

Em 2013 nosso grupo de Estudos foi focado em temas básicos da Umbanda, e conseguimos construir um conjunto de 10 apostilas básicas , com assuntos essenciais a nossa religião.

No ano de 2014 iremos focar assuntos mais complexos e misteriosos de nossa Umbanda e ate mesmo de outras religiões.

Estaremos fazendo sempre uma vez ao mês na primeira ou segunda terça feira do mês.

Teremos uma hora de palestra sobre algum desses assuntos, com algum convidado participando e depois uma hora de desenvolvimento aos médiuns da casa

Lembrem disso...o desenvolvimento do médium não deve ser apenas espiritual, mas também desenvolver seu intelecto...estudar...entender as obrigações que são pedidas e feitas.

Contatos e sugestões :

João Carlos Galerani Junior - paijoaozinho@terreirodavobenedita.com

Dirigente do Terreiro da Vó Benedita

Terreirodavobenedita.com

quarta-feira, 15 de julho de 2015

TIPOS DE MEDIUNIDADE


As principais formas de mediunidade são as que ocorrem em médiuns de incorporação,
médiuns sensitivos, médiuns audientes ou auditivos, médiuns falantes, médiuns videntes,
médiuns curadores, médiuns de efeitos físicos ou motores, médiuns psicógrafos ou
escreventes, médiuns pintores e desenhistas, médiuns intuitivos e médiuns de transporte.
Desenvolver a mediunidade significa que o médium deve passar por aprendizado e
conscientização, senão suas faculdades mediúnicas ficarão obstruídas por escolhos religiosos,
por tabus, dogmas e medos, já incorporados por ele. A mediunidade é um dom pessoal e
intransferível e o desenvolvimento mediúnico é um meio rápido de desobstrução desses canais
mediúnicos e de desenvolvimento das faculdades extra-sensoriais do médium.
Sintonia. O que é isto?
É a capacidade, nem que seja por instantes, de concordância de freqüências. O médium,
então, através da prece, por horas, minutos ou segundos, consegue alcançar a mesma
vibração das ondas de pensamento do guia ou do espírito comunicante. É um acordo mútuo.
MÉDIUNS DE INCORPORAÇÃO
São médiuns que produzem os aspectos, maneiras, vozes e linguagens das entidades
que incorporam e falam por seu intermédio. A mediunidade de incorporação pode ser
inconsciente, semi-consciente e consciente. A consciente se processa quando o espírito atua
no médium e este tem plena consciência dessa atuação. A incorporação inconsciente, muito
rara, ocorre quando o espírito atua no médium e este não tem plena consciência dos atos e
práticas ali executados pelo espírito.
O médium consciente, que no início do desenvolvimento não consegue se entregar por
inteiro à entidade, trabalhando na maior parte do tempo, irradiado, sem total e completa incorporação.
O semiconsciente aplica-se ao médium depois de alguns anos de trabalhos
mediúnicos, quando, mesmo tendo sido considerado médium consciente, lembra-se apenas
de parte dos fatos ocorridos durante o transe mediúnico, não conseguindo fixar-se nos
detalhes.
E finalmente, o médium inconsciente, que atingindo uma total identificação vibratória com
a entidade pode abandonar-se, permitindo, então, o mais absoluto controle de seu corpo e de
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sua mente pela entidade incorporada, resultando disso, a recordação de absolutamente nada
do que lhe aconteceu durante a incorporação.
MÉDIUNS DE TRANSPORTES
É uma mediunidade de incorporação, em que uma entidade ou espírito que está agindo
numa pessoa é transportado para o médium e passa a se manifestar por intermédio dele. O
transporte visa tirar do campo vibratório de uma pessoa um espírito internalizado, que não sai
porque ela está em simbiose com ele. É preciso alguém pôr a mão, puxar aquele espírito,
incorporar e limpar a pessoa. Esses médiuns são importantes para a retirada de obsessores,
que, a seguir, são levados pela Lei Maior, para o seu lugar de merecimento.
MÉDIUNS SENSITIVOS
Os médiuns sensitivos têm a capacidade de perceber, detectar e sentir a presença de
espíritos sejam eles de qualquer classe e ordem evolutiva.
MÉDIUNS INTUITIVOS
Faculdade que determinado médium tem de sentir a presença de entidades e, às vezes,
de realizar aquilo que ele (médium) tem certeza de que constitui a vontade da entidade.
Quando relativa a fatos em via de acontecer ou acontecidos e dos quais o médium tem a
intuição, são chamados de premonição. Há, ainda, médiuns que não conseguem uma perfeita
incorporação, e que trabalham sob a irradiação ou intuição que lhes é enviada pela entidade.
MÉDIUNS SUDIENTES OU AUDITIVOS
Ouvem a voz dos espíritos, com suas mensagens de socorro ou palavras de consolo e
orientação. Podemos exemplificar com Joana D'Arc e Cecília Meirelles.
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MÉDIUNS FALANTES
Neles, a palavra é um instrumento, do qual o espírito se serve, para entrar em
comunicação com o plano material, assim como também pode fazê-lo por intermédio do
médium audiente. O médium se exprime geralmente sem ter a consciência do que diz e fala
coisas fora de suas idéias habituais, de seus conhecimentos e mesmo do alcance de sua
inteligência. Embora esteja perfeitamente desperto e no estado normal, raramente conserva a
lembrança do que disse.
São Jerônimo pode ser considerado um médium falante consciente, pois passava horas
ditando aos taquígrafos suas cartas (epístolas) e suas traduções da Bíblia (Velho Testamento
e Evangelhos) que deram origem à "Vulgata" (primeira Bíblia em Latim), no fim do séc. IV e
início do séc. V d.C.
Se concordarmos que os Evangelhos foram revelados pelo Espírito Santo, São João,
São Marcos, São Mateus e São Lucas foram, também, médiuns falantes, pois,
provavelmente, como São Jerônimo, ditavam os textos. Jesus e Krishna foram considerados,
cada qual em seu contexto, a própria encarnação do Verbo, assim como, entre os islâmicos,
mais recentemente (séc. VII), Maomé (Mohamed).
Nesse sentido, todos os autores dos textos sagrados das diferentes culturas poderiam
ser incluídos ou nessa categoria de médiuns falantes ou na de psicógrafos.
MÉDIUNS VIDENTES
São dotados da faculdade de ver os espíritos. Há os que dispõem dessa faculdade em
seu estado normal, perfeitamente despertos e mantendo a lembrança exata do que vêem.
Outros não a têm, senão no estado sonambúlico ou próximo do sonambulismo. Os médiuns
videntes acreditam ver pêlos olhos, mas, na realidade, é a alma que vê, por isso vêem tão
bem tanto com os olhos fechados como abertos.
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MÉDIUNS CURADORES
São aqueles que fazem as curas por meios psíquicos ou ocultos, pela imposição das
mãos ou por outras formas. Os médiuns curadores têm, compondo o seu dom de cura, o
intermédio de médicos curadores já desencarnados, especialistas neste assunto, e também
de espíritos de altos escalões evolutivos, que se servem das ervas, das rezas e de seus
conhecimentos magísticos medicinais.
MÉDIUNS DE EFEITOS FÍSICOS OU MOTORES
São aqueles, que no estado de transe, fazem mover ou transportar objetos mais ou
menos pesados, como mesas, cadeiras, etc. ou produzem outros fenômenos. Uns produzem
os fenômenos por um ato de sua vontade outros involuntariamente.
MÉDIUNS PSICÓGRAFOS OU ESCREVENTES
Têm a faculdade de escrever, sob a influência dos espíritos. Temos como exemplos
Chico Xavier e mestre Rubens Saraceni. Os médiuns escreventes mecânicos recebem um
impulso involuntário em suas mãos. Os que não têm nenhuma consciência daquilo que
escrevem são muito raros. Aqueles cujas mãos avançam involuntariamente e que têm a
consciência instantânea das palavras ou das frases à medida que escrevem, esses são os
mais comuns e chamam-se semi-escreventes.
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MÉDIUNS PINTORES E DESENHISTAS
Pintam ou desenham sob a influência dos espíritos, permitindo, através da pintura e da
arte, mostrar as maravilhas existentes no lado espiritual. Mostram, também, suas formas e
características físicas, perceptíveis aos nossos olhos.
OS MÉDIUNS NA UMBANDA
Seres de luz têm comunicado que hordas de espíritos trevosos, malfeitores e obsessores
que perambulam pela Terra, têm reencarnado, pois foram abertas comportas do astral
inferior. Esses seres são rebeldes, viciados, desregrados, tiranos, perversos e inescrupulosos,
almas sedentas de prazer, paixão e vingança, que se atiram com avidez sobre a humanidade,
revelando vícios e taras estranhas e cometendo crimes aviltantes. Com isso, a humanidade
vai se pautando por sensações inferiores, pela sedução de fortuna e de luxo, ficando cada vez
mais neurótica, aflita e desesperada.
Contra essa carga magnética inferior planetária, tem ocorrido a eclosão da mediunidade,
para a cooperação espiritual na redenção dos irmãos desencarnados, confortando os
sofredores, comovendo os obsessores obstinados e orientando os irmãos confusos. O
"cavalo" de Umbanda é o ponto de apoio das entidades, em sua luta ferrenha contra os
poderosos agrupamentos e falanges das trevas. Mas o médium pode ser o mais necessitado
de recuperação espiritual, principalmente se sua compostura moral for inferior à sua
desenvoltura mediúnica. Ele deve apurar os seus atributos de elevação espiritual, para ser
portador de valores úteis e bons para ofertar ao próximo.

MEDIUNIDADE E MÉDIUM

Antes de começarmos qualquer estudo na seara espiritualista, é necessário entendermos e
definirmos o que é mediunismo ou mediunidade e médium.
A mediunidade é um patrimônio do espírito; é faculdade que se engrandece em sua
percepção psíquica, tanto quanto evolui se moraliza o espírito do homem. A sua origem é
essencialmente espiritual e não material. Ela não provém do metabolismo do sistema nervoso,
mas enraíza-se na própria alma, onde a mente, à semelhança de eficiente usina, organiza e se
responsabiliza por todos os fenômenos da vida orgânica.
A mediunidade é faculdade extraterrena e intrinsecamente espiritual; em sua manifestação
no campo de forças da vida material, ela pode se tornar o elemento receptivo das energias
sublimes e construtivas provindas das altas esferas da vida angélica. Quando bem aplicada,
transforma-se no serviço legítimo dos planos superiores, operando em favor do progresso da
humanidade.
Todo aquele que sente num grau qualquer, a influência dos espíritos é, por esse fato,
médium. Essa faculdade inerente ao homem, não constituindo, portanto, um privilégio
exclusivo. Por isso, raras são as pessoas que dela não possuem alguns rudimentos. Pode
inclusive dizer que todos são, mais ou menos, médiuns.
Conforme n
nem um talento pessoal, pelo que não pode tornar-se uma profissão. Ela não existe sem o
mediunidade como o talento do céu para serviço de renovação do mundo.
A palavra médium, do latim médium, significa meio, intermediário, pessoa acessível aos
espíritos e dotado para receber suas comunicações. Todavia, usualmente, só se qualificam
aqueles na qual a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos
patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos
sensitiva.
Além disso, é importante notar que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em
todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta ou daquela
natureza, donde resultam diferentes espécies de manifestações.
A Umbanda é uma linha de atuação espiritualista (crença baseada na sobrevivência da
alma após a morte do corpo físico), que coordena a comunicação entre os espíritos que
habitam o plano astral e o campo material, onde vive o homem.
O médium é o medianeiro nas comunicações com esses espíritos, entidades ou seres,
recebendo suas vibrações extraterrenas no campo espiritual. O exercício da mediunidade exige
muito sacrifício pessoal e a observância de normas corretas, de modo a permitir uma boa
vibração, afinada com espíritos mais elevados.
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Exige-se do médium a disciplina e o estudo de suas possibilidades, perseverança, boa
disposição e ânimo e, acima de tudo, honestidade e desprendimento para, através da renúncia,
harmonizar-se com os seus guias. Cada médium possui características próprias, que são
aproveitadas pelas entidades quando o seu canal espiritual está propenso à comunicação.
O médium sério, responsável e comprometido com os ideais da boa nova é um devoto à
prática da caridade, levando aos seus irmãos encarnados e desencarnados um alento, uma
palavra de fé, de esperança, mostrando-lhes a luz e os caminhos da evolução do espírito.
A oração atribuída a São Francisco de Assis significa a mais exemplar oração de um
médium. Aquele que seguir os seus ensinamentos estará seguindo verdadeiramente a missão
evolutiva na sua jornada terrena.
Senhor fazei de mim um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Oh! Mestre, fazei com que eu procure mais consolar do que ser consolado, compreender
do que ser compreendido, amar do que ser amado, pois é dando que se recebe, é perdoando
que se é perdoado, e é morrendo que se nasce para a vida eterna.
Assim seja.
É evidente que o médium, para adquirir plenamente a sua capacidade mediúnica,
necessita passar por experiências e adquirir grande conhecimento. Este processo visa preparar
o médium de modo profundo e gradual, para receber a sabedoria das ciências espirituais.
A prática da mediunidade traz uma responsabilidade muito grande, exigindo do médium
uma transformação interior, de tal maneira a elevar a sua moral e a sua forma pensamento
para, então, atingir a transformação exterior e conseguir manusear as forças extra-humanas
que lhe são conferidas.
O médium deve ter plena confiança das suas capacidades, e perceber que o mundo
espiritual não está medindo os seus méritos pelo tamanho da sua capacidade, mas, sim, pela
totalidade da oferta que ele oferece.
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e se esse alguém for um espírito inferior e de má índole, o médium imprevidente estará metido
em complicações e não se eximirá das responsabilidades pela sua falta de atenção e cuidado.
O encarnado que, imprudentemente, não der atenção, rejeitar ou abandonar sua mediunidade,
lamentará amargamente a fuga da responsabilidade.
AS FORÇAS DO MÉDIUM
Estudando, observando, educando e praticando a mediunidade, o médium, sem perder
suas características próprias, desenvolve em si determinadas forças que lhe permitem trabalhar
com serenidade e fé, produzindo resultados positivos. São elas:
AMOR é o supremo incriado, o poder absoluto que criou a natureza e todas as coisas. É
a força mítica eterna, e fonte do tudo e do nada.
PIEDADE é o sentimento de dó, de devoção, o desejo de proteger e ajudar, compadecerse
do sofrimento e do sentimento alheio. É vista como a segunda via de evolução para voltar à
origem.
HUMILDADE é a simplicidade nas expressões a respeito de si mesmo; é a submissão à
força superior; é o conhecimento de sua razão e do respeito à do outro. Também significa
conhecer o seu valor e o da fonte superior; caminhar com resignação.
FÉ é o sentimento da crença, do crédito, do valor pelo mérito adquirido; é o complemento
da força da humildade.
FIRMEZA força conquistada pela sabedoria, significando equilíbrio das demais forças
adquiridas pelo interesse, estudo e busca da verdade.
SEGURANÇA força adquirida pelo conhecimento da origem das coisas, que o capacita
que o capacita para exercer a sua função sagrada.
CONFIANÇA é o conhecimento da magia que envolve todo o trabalho
mediúnico/espiritual; é o conhecimento da mística espiritual, que é adquirida à medida que o
médium alcança o merecimento através da formação das forças anteriores.
A LEI DA AFINIDADE MORAL
O conhecimento e a aplicação da lei da afinidade moral fazem com que obtenhamos a
proteção e a simpatia dos bons espíritos e evitemos a influência dos ignorantes. Afinidade quer
dizer semelhança. A lei da afinidade moral é a seguinte: - INDIVIDUOS DE MORAL IGUAL SE
ATRAEM E DE MORAL CONTRÁRIA SE REPELEM. Esta lei rege nossas relações sociais
tanto para os encarnados como para os desencarnados. Ela não só seleciona nossos amigos
encarnados como também os espíritos que habitualmente nos assistem. Uma pessoa estudiosa
não tem por companheiros habituais pessoas que se comprazem na ignorância; quem tem o
vício de beber não procura a companhia do que é temperante; um perverso se ajunta a outro
perverso para praticarem o mal; um bom se ajunta a outro bom para espalharem o bem.
Por conseguinte, a lei da afinidade moral nos ensina que os bons se agrupam e repelem os
maus; os maus se reúnem e evitam os bons. Um espírito bondoso não procura um médium
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orgulhoso; um espírito estudioso nada tem a fazer ao lado de quem não gosta do estudo; um
espírito puro afasta-se de um médium que tenha vícios. Como pode um médium maldizente,
invejoso e cheio de amor-próprio colaborar com os nobres espíritos que esclarecem a
humanidade? É difícil para um espírito iluminado pregar o amor ao próximo por meio de um
médium rancoroso e vingativo.
Concluímos, então, que para merecermos a assistência dos bons espíritos é preciso que
nós também sejamos bons. Para não sermos vítimas de espíritos orgulhosos, devemos
extinguir o nosso orgulho e abafar o nosso excessivo amor-próprio. Para não sermos
manejados por espíritos perversos, nem sequer pensemos no mal. Fujamos dos vícios para não
ficarmos rodeados de espíritos viciosos. Sejamos compassivos, fraternos, tolerantes,
benevolentes e caridosos. Estabeleçamos afinidade moral com os espíritos virtuosos, porque
este é o único meio de gozarmos de seus favores. Lembremo-nos de que onde está a Virtude
não há lugar para os vícios. Onde reina o sincero desejo de praticar o bem não cabe nem um
pouquinho do mal.
QUALIDADES DE UM BOM MÉDIUM
Rigorosamente falando, os bons médiuns são raros.
A maioria, geralmente, apresenta um ou outro defeito que lhes diminui a qualidade de
bons. O defeito, por pequeno que seja, é sempre de origem moral. Entretanto, o médium que
reunir as cinco virtudes seguintes pode ser qualificado de bom: SERIEDADE, MODÉSTIA,
DEVOTAMENTO, ABNEGAÇÃO e DESINTERESSE.
A seriedade é a virtude que um médium possui de utilizar sua mediunidade para fins
verdadeiramente úteis, exercendo-a como um nobre sacerdócio.
A modéstia é a virtude pela qual um médium reconhece que é um simples instrumento da
vontade do Senhor e, por isso, não se envaidece nem se orgulha de sua mediunidade.
Não faz alarde das comunicações que recebe, porque sabe que foi apenas um simples
intermediário. Não se julga ao abrigo das mistificações e, quando é mistificado, compreende
que isso aconteceu em virtude das falhas de seu caráter ou devido a algum erro de sua
conduta; procura, então, corrigir-se para afastar de si os espíritos mistificadores.
O devotamento é a virtude pela qual um médium se dedica ardentemente ao benefício de seus
irmãos que sofrem. O médium devotado considera-se um servo do Senhor e, por isso, não
despreza nenhuma oportunidade de servi-lo, auxiliando a todos quantos necessitam dos
cuidados dos espíritos de Deus.
A abnegação é a virtude pela qual um médium leva seu devotamento até ao sacrifício. O
médium abnegado não hesita em renunciar a seus prazeres, a seus hábitos, a seus gostos,
quando se trata de prestar socorros mediúnicos a quem quer que seja.
O desinteresse é a virtude pela qual um médium dá de graça o que de graça recebeu. O
médium desinteressado nem mesmo esperará um agradecimento dos homens.
Eis expostas às cinco virtudes que devemos cultivar, se quisermos merecer o qualificativo de
bons médiuns

ATUAÇÃO JUNTO AS FREQÜENTADORES RECEPÇÃO

As pessoas vêm ao Templo em busca de amparo físico e espiritual, que precisam ser
oferecidos assim que elas entram em nossa casa, quando são bem-vindas, amparadas,
amadas e conduzidas fraternalmente.
Qualquer pessoa, ao entrar em um Templo pela primeira vez, fica insegura quanto ao
procedimento que deve ter, o lugar onde deve ficar e etc. Se não receber orientações, irá
comportar-se como quiser e bem entender, muitas vezes até de maneira inadequada para um
lugar sagrado. É preciso que a equipe de trabalho do Templo dê as boas-vindas ao público
freqüentador e o oriente.
ORIENTAÇÕES INICIAIS
Precisam ser dadas aos freqüentadores, pelo grupo de recepção, devidamente uniformizado
e paramentado. Os componentes desse grupo, assim como os demais, devem ter um cuidado
especial ao receber as pessoas, sendo amáveis, respeitosos e educados para com elas,
mostrando que são bem-vindas, explicando e orientando-as quanto ao funcionamento da casa.
O grupo irá fornecer as senhas, pedir a assinatura do livro de presença, o preenchimento de
fichas, indicar o local onde se sentarão ou formarão fila, pedir ordem, respeito e silêncio no
espaço sagrado, além do desligamento de celulares e os cuidados com a limpeza.
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Esse grupo também poderá entregar folhetos com os cronogramas do Templo, as principais
orações, pontos e hinos cantados e demais orientações, necessárias.
ORIENTAÇÕES SOBRE VESTIMENTA
Ao lado da recepção, o Templo deve ter um quadro com as informações gerais necessárias,
dentre elas as referentes à vestimenta adequada e a preparação para se estar em um espaço
sagrado. Há pessoas que comparecem à cerimônia do Templo com trajes inadequados, como
short, mini-blusa, roupa decotada, transparente, bermuda ou camiseta regata.
O terreiro de Umbanda é um templo religioso, onde os mensageiros de Pai Oxalá se fazem
presentes. É um local para recolhimento espiritual e exige trajes adequados, compatíveis com o
ambiente religioso.
Durante as orientações religiosas, é preciso, com educação e tranqüilidade, explicar a
importância do respeito ao Templo e às entidades, de maneira que as pessoas entendam a
seriedade dos trabalhos realizados e retomem sempre.
PEDIDOS DE SILÊNCIO
"O silêncio é uma prece." Antes do início dos trabalhos, e durante eles mesmos, os pedidos
de silêncio devem ser endereçados diretamente aos que estão falando, tanto freqüentadores
quanto médiuns. As pessoas encarregadas de cultivar o silêncio no Templo deverão dirigir-se
àqueles, particularmente, e não a todas as pessoas, pois um pedido feito em voz alta ou num
microfone, além de chegar a quem não precisa ser chamado à atenção, quebra sua
concentração. Pedir silêncio, educadamente e em voz baixa, lembrando que a preparação para
as atividades do Templo necessita do silêncio de todos, pois a espiritualidade inicia sua atuação
nesse espaço sagrado bem antes do começo dos trabalhos.
Mensagem: ficam, elevam e
agradam. Más palavras são as que destroem, rebaixam e machucam. O que sai da boca é
força criadora.
Provindos de Deus, os orixás são os grandes criadores, c se expressam pelo som. A
palavra é, portanto, um do meio de manifestação do Divino na Terra, e quando proferida passa
a produzir efeitos; não há como fazê-la retornar. Por isso, ao adentrar um terreiro de umbanda,
pense antes de falar.
Pense novamente e evite excessos, pois muito antes de sua chegada os falangeiros dos
orixás já estão organizando, em nível astral, todo o aparato necessário para providenciar o socorro
e a cura dos espíritos doentes e sofredores. Os meios necessários para a defesa desse
"hospital de almas" são atirados com a finalidade de conter os ataques trevosos que a casa ira
receber antes, durante e depois da sessão. Portanto, não seja o porta-voz das sombras,
trazendo desarmonia para o ambiente Facilite o trabalho, não julgando nada, não emitindo
opinião, ou melhor, adotando uma postura de imparcialidade diante da dor de cada um. Como
você não sabe de seu passado, então deve vigiar os pensamentos e as suas palavras. Deve
regrar-se pela verdade pela sensatez; regular o tom de voz, falando mais baixo, e ser delicado
com as pessoas.
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Médium trabalhador é seu dever transmitir paz, certeza, carinho e alegria aos que chegam.
Tudo o que você fala precisa digno de ser ouvido por nós do "lado de cá", singelos obreiros dos
orixás.
Lembre-se sempre disso e fale aos outros como se estivesse falando direto a Deus ao pisar
Exu Tiriri
PROCEDIMENTOS NO TEMPLO
"Aproveita o tempo que a bondade divina te deu e ajuda com amor, dedicação, respeito e
simplicidade."
Lurdes Vieira
ORIENTAÇÕES RELIGIOSAS
É fundamental que se ensine a religião dos orixás aos freqüentadores, de forma simples,
desenvolvendo neles a consciência religiosa de Umbanda, para que estes não procurem o
Templo apenas quando precisarem resolver problemas. É importante empolgar as pessoas,
para que se sintam como parte da casa e não se omitam diante da religião.
O maior dever é fazer a religião crescer permanentemente, com uma nova mentalidade,
desenvolvendo a religiosidade dos freqüentadores, estimulando-os a transmutar seus
sentimentos e a serem participantes ativos da religião.
É importante que entendam os sentimentos religiosos das pessoas e trabalhem esses
sentimentos, sustentando-as em sua fé. Os fiéis devem ser envolvidos, trazidos para dentro dos
templos, tornando-se colaboradores, membros de uma irmandade, de um mesmo corpo
religioso.
Para isso, precisamos trabalhar as possibilidades de nossa religião passar por
transformações, tornando-se escola religiosa, orientadora da doutrina, conduzindo trabalhos,
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acolhendo médiuns e demais fiéis, convertendo-os, concedendo-lhes sacramentos, ajudandoos,
etc.
E necessário desenvolvermos um trabalho regular de assistência religiosa, tanto no
Templo como para levar ao lar, aos familiares, tornando-os participantes da religião e da
religiosidade.
A Umbanda é uma religião extremamente rica em recursos, com suas Divindades, seus
Guias, seus fundamentos teológicos e práticos, seus rituais, seus cantos, suas danças, etc.
Vamos explorar ao máximo esses recursos. Vamos ensinar compartilhar conhecimentos,
aprender uns com os outros, irmanarmo-nos. Vamos desencadear programas de assistência
social, de ajuda humanitária aos nossos irmãos necessitados.
Se nossos espaços físicos se tornarem pequenos, será necessário ampliá-los, dinamizálos
e acolher cada vez mais fiéis, colhendo mais frutos de nossa fé e trabalho. Grupos
pequenos crescem à medida que ganham confiança, com simplicidade, praticidade,
objetividade, seriedade, responsabilidade e exercitação.

VESTIMENTA



A) A roupa deve ser clara, de preferência branca expressando a pureza, e mais simples
possível, sem adornos ou enfeites, significando a humildade e a igualdade entre irmãos. O
médium não deve usar adornos (pulseiras, colares, anéis, etc.) pelos metais atrapalharem
alguns tipos de vibrações (É cientificamente comprovado que dentre as matérias tangíveis
encontradas em nosso planeta, os metais (ouro, prata, bronze etc.) constituem-se em
substâncias de grande poder magnético atrativo (capacidade de atrair, conduzir e/ou condensar
em seu corpo energias dos mais diferentes níveis e tipos)), além de que não deve ser
esquecido que nós lidamos, muitas vezes, com pessoas mais simples, e o uso desses adornos
pode incomodá-las. A vestimenta poderá ser diferenciada, em giras especiais ou festas. Os
únicos adereços que podem ser usados nas sessões são os indicados pelas entidades e
alianças (casamento, noivado ou compromisso).
Por que usamos o Branco?
Dentre os princípios da Umbanda, um dos elementos de grande significância e
fundamento, é o uso da vestimenta branca. Em 15 de novembro de 1908, data da anunciação
da Umbanda no plano físico e também ocasião em que foi fundado o primeiro templo de
Umbanda, Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, o espírito Caboclo das Sete
Encruzilhadas, entidade anunciadora da nova religião, ao fixar as bases e diretrizes do
segmento religioso, expôs, dentre outras coisas, que todos os médiuns utilizariam roupas
brancas. Mas, por quê?
Porque a roupa branca transmite a sensação de assepsia, calma, paz espiritual,
serenidade e outros valores de elevada estirpe. Vamos encontrar a razão científica do uso da
cor branca na Umbanda através das pesquisas de Isaac Newton. Este grande cientista do
século XVII provou que a cor branca contém dentro de si todas as demais cores existentes.
Portanto, a cor branca tem sua razão de ser na Umbanda, pois temos que lembrar que a
religião que abraçamos é capitaneada por Orixás, sendo que Oxalá, que tem a cor branca como
representação, supervisiona os Orixás restantes. Assim como a cor branca contém dentro de si
todas as demais cores, a Irradiação de Oxalá contém dentro de sua estrutura cósmico-astral
todas as demais irradiações (Oxossi, Ogum, Xangô, etc.).
O branco é de Pai Oxalá, regente da Fé no Ritual de Umbanda Sagrada. Como a fé é o
mistério religioso por excelência, o astral tem estimulado o uso dos paramentos brancos. E por
isso, também, que o conjunto dos umbandistas é denominado "O exército branco de Pai Oxalá".
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B) Não devem ser usadas roupas que são usadas no dia a dia, porque elas ficam
impregnadas de vibrações, que podem ser negativas, ou já vir vestido de casa com as roupas
brancas. A roupa deve ser trocada de um trabalho para outro, não só por questão de higiene
física, mas para limpar energias negativas que porventura tenham ficado impregnadas. A roupa
ritualística é de uso pessoal e, de preferência, não deve emprestada para outras pessoas.
Deve-se usar uma roupa branca, simples, sem adornos, separada exclusivamente para os dias
de trabalho. Na Umbanda, o uniforme do médium, ou está no vestiário do terreiro, e, portanto
dentro do cinturão de defesa do mesmo, ou está em casa sendo lavado ou passado, longe do
contato direto com as forças deletérias.
C) De preferência, o médium deve trabalhar descalço, porque os pés, como as mãos, servem
como antenas para receber e doar energias, e o contato dos pés com a terra facilita a descarga
das energias negativas que foram absorvidas.
Os Pés Descalços
O solo, chão representa a morada dos ancestrais e quando estamos descalços tocando
com os pés no chão estamos tento um contato com estes antepassados.
Nós costumamos tirar os calçados em respeito ao solo do terreiro, pois seria como se
estivéssemos trazendo sujeira da rua para dentro de nossas casas.
É também uma forma de representar a humildade e simplicidade do Rito Umbandista.
Além disso, nós atuamos como pára-raios naturais, e ao recebermos qualquer energia mais
forte, automaticamente ela se dissipa no solo. É uma forma de garantir a segurança do médium
para que não acumule e leve determinadas energias consigo.
D) O pano branco de cabeça faz parte da vestimenta ritualística, pois filtram formas
pensamento e projeções astrais, além de seu uso significar respeito às forças divinas.
E) As roupas devem ser razoavelmente uniformizadas e confortáveis, de que o médium possa
abaixar-se, erguer os braços e sentar-se no tendo seus movimentos livres, sem expor partes do
corpo e peças. A vestimenta deve ser discreta, sem decotes avançados, camisetas s. blusas de
alcinhas, calças apertadas, blusas ou saias transparentes, que tragam constrangimentos a
outros médiuns e a consulentes. Uma das bases trazidas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas,
por ocasião da anunciação da Umbanda no plano físico, evento histórico ocorrido em 15 de
novembro de 1908, em Neves, Niterói - RJ é a que diz respeito à igualdade.
Sabemos que na atual sociedade, com valores deturpados ou invertidos, é comum as
pessoas avaliarem umas as outras, não pelo grau de espiritualidade, moral, caráter e boas
ações, mas sim pelo que se apresenta em nível de posses.
Dentro deste contexto, é corriqueiro, embora extremamente falho valorizar ou conceituar
os habitantes deste planeta tendo como base a apresentação pessoal externa do indivíduo, ao
invés de se atentar para qualificativos internos. Priorizam-se bens materiais em detrimento das
virtudes.
E é justamente por isto que a Umbanda adotou o vestuário uniforme, para que alguns
assistentes ainda enraizados em equivocados conceitos não tenham como dar vazão a seus
distorcidos juízos de valor.
Umbanda Página 28
Assim, quem adentra por um terreiro na esperança de cura ou melhora de seus
problemas, jamais terá a possibilidade de identificar no corpo mediúnico, todos com trajes
iguais, eventuais ou supostas diferenças intelectuais, culturais e sociais. Não terá a
oportunidade de saber se por trás daquela roupa sacerdotal encontra-se um rico, empresário,
um camelô, ou uma empregada doméstica. Na Umbanda, Sopro Divino que a todos oxigena o
personalismo ou destaque individual é algo que jamais deverá existir. Somos meros veículos de
manifestação da espiritualidade superior, e por isto, devemos sempre nos mostrar
coletivamente, sem identificações pessoais ou rótulos. Somos elos iguais de mesma força e
importância neste campo de amor e caridade denominado Umbanda.
F) A Roupa Branca é a vestimenta para a qual devemos dispensar muito carinho e cuidado,
idênticos ao que temos para com nossos Orixás e Guias. As roupas devem ser conservadas
limpas, bem cuidadas, assim como as guias (fios de contas), não se admitindo que um médium,
após seus trabalhos, deixe suas roupas e guias no Terreiro, esquecidas. Quando a roupa fica
velha, estragada, jamais o médium deverá dar ou jogar fora. Ela deverá ser despachada, pois
se trata de um instrumento de trabalho do médium.
EDUCAÇÃO MEDIÚNICA
a) O trabalho exclusivo para o médium, dito de desenvolvimento é por demais importante,
porque propicia ao dirigente a oportunidade de tratar do médium de todas as formas, inclusive
no equilíbrio de sua vibrações com os sés guias.
b) O médium não deve se apressar ou angustiar para conseguir um desenvolvimento rápido,
nem medir seus avanços com dos outros, pois cada um carrega características próprias, além
de momentos diferentes para alcançar os resultados.
c) Não se deve provocar manifestações precipitadas ou extraordinárias nos médiuns iniciantes,
nem usar meios não apropriados.
d) As canalizações dos guias dos médiuns devem ser feitas de maneira suave, equilibrada e
disciplinada, dando oportunidade à mente do médium de se manter ativa e consciente das
vibrações que sente, assim também para que a entidade possa adequar as suas vibrações com
as do médium, atingindo um equilíbrio, segurança e conforto nas comunicações.
PREPARO PARA A REUNIÃO MEDIÚNICA
a) Nas vinte e quatro horas que antecedem os trabalhos, salvo alguns muito poucos com
especiais características, o médium deve abster do sexo, álcool e carne vermelha, pois além de
deixarem vibrações e eflúvios negativos e duradouros na sua psique, são propícios para os
espíritos menos evoluídos, sem luz, sofredores e fingidores, atrapalhando as vibrações do
médium.
b) O dia da reunião mediúnica deve ser encarado com um dia especial por parte do médium.
Além das abstinências citadas no item anterior, é importante que o médium evite os excessos e
os vícios. É como se fosse um estado pré-operatório, no qual os trabalhadores devem se
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alimentar levemente, mantendo-se calmos e descansados e tendo uma noite de repouso até
por mais horas na noite da véspera dos trabalhos, se possível.
c) A preparação mais importante e eficiente continuará sendo a higiene mental (a leitura e o
estudo edificantes, os bons pensamentos e a contínua vigília nos atos). O objetivo é iniciar esta
preparação nos dias dos trabalhos até que se consiga fazer isso diariamente a todo o momento,
lembrando que o bom médium pode ser chamado a trabalhar no sono físico, a qualquer dia e
não apenas no dia da reunião mediúnica.
PROCEDIMENTOS DURANTE OS TRABALHOS
a) Como todas as demais tarefas de um grupo de trabalho espiritual, as reuniões devem ser
encaradas com muita responsabilidade e disciplina, tanto pelo lado dos dirigentes como dos
trabalhadores, sendo um dos pilares fundamentais ao seu bom desenvolvimento.
b) Em todos os aspectos da vida, devemos nos lembrar que a disciplina funciona como peça
realização d
respeitar as normas da casa na qual estão trabalhando.
c) Ao chegar à sala de atendimento, mesmo antes de começarem os trabalhos, o médium não
deve ficar em atitudes ou pensamentos fúteis ou impróprios para o ato, mas deve, desde logo,
procurar se concentrar em seus guias, aquietar o seu corpo e espírito, preferencialmente em
estado de meditação. Com isso, propicia facilidades para que a espiritualidade, que já está a
postos, possa começar a executar alguns trabalhos ou preparações.
d) Com a concentração e meditação antecipadas, o médium tranqüiliza seu corpo físico e
coloca seu corpo astral pronto para o início dos trabalhos. Deve por isso, permanecer calmo e
suave e voltar os seus pensamentos em DEUS e nos seus guias, para fins de melhor
aproveitamento de sua mediunidade.
e) O médium deve ficar todo o tempo com a sua mente concentrada somente na reunião, não
deixando a sua atenção se desviada para nada, mormente com curiosidade relativa aos
trabalhos que estão sendo executados.
f) O conjunto dos médiuns forma uma corrente magnética vibratória que envolve toda a sala de
reunião espiritual, por isso o médium deve manter-se concentrado para não haver quebras ou
sobressaltos, assim como não deve deixar o ambiente antes do término dos trabalhos.
g) O médium nunca deve se esquecer que o seu mentor não trabalha sozinho, mas em
conjunto com as suas qualidades e características, inclusive utilizando dos seus conhecimentos
e da sua moral. Assim, os guias dependem da seriedade, do interesse e da sinceridade do
médium para trabalharem sem errar. Por isso, o médium tem a obrigação de auxiliar
mentalmente aos seus guias durante a realização dos trabalhos.
h) Durante os trabalhos, o médium que não estiver sendo canalizado ou não estiver diretamente
envolvido, não deve pensar que não está sendo utilizado. Os trabalhos são feitos em variadas
nuances e faixas vibratórias, e as suas emanações energéticas podem estar sendo usadas
naquele momento, ainda que não seja de maneira perceptível.
Umbanda Página 30
i) Os cânticos, os pontos riscados, as velas e os copos de água são modalidades de
estabelecer uma determinada faixa vibratória para uma das sete vibrações da Umbanda,
atraindo, assim, a energia propícia para os trabalhos.
CUMPRIMENTO DOS HORÁRIOS
A observância do horário de início e término dos trabalhos deve ser praticada, em respeito
ao plano espiritual, que sempre está pronto para o início no horário estipulado, ao corpo
mediúnico e à assistência.
ASSIDUIDADE AOS TRABALHOS
a) O médium deve evitar faltar aos trabalhos por atrapalhar a programação da assistência feita
pela equipe espiritual, que conta com a presença daquele médium específico por causa de
alguma característica mediúnica que possua que ajudará em um determinado atendimento.
b) Sempre que o médium precisar faltar ao trabalho deve se possível, avisar aos dirigentes o
mais cedo possível, porque assim a espiritualidade fica avisada, fazendo um novo planejamento
e não havendo improvisos ou falta de atendimento.
PREPARAÇÃO COMPORTAMENTAL DOS MÉDIUNS
"Se tiveres que chorar por alguém que errou, chora por ti mesmo. Se tiveres de alterar a voz
com irmãos que julgastes incursos em erro, altera a voz contigo mesmo.
r alguma virtude que não possuis, fala das qualidades dos companheiros
Espírito
Médium é toda pessoa que sente, em um grau qualquer, a influência dos espíritos. A
mediunidade é a faculdade que, se desenvolvida ordenadamente, poderá servir de veículo de
comunicação entre os dois planos da vida, o espiritual e o material. Essa faculdade é inerente
ao homem, porém, usualmente, tal qualificação só se aplica àqueles que, devido a organismos
mais sensíveis, têm a faculdade mediúnica nitidamente caracterizada e manifestada por efeitos
de uma intensidade maior. A mediunidade é um dos recursos mais eficientes para o resgate de
carmas.
A mediunidade é a exteriorização de um dom que aflorou no ser e que, se bem
desenvolvida, irá acelerar sua evolução espiritual. Portanto, não é provação. Também não é
Umbanda Página 31
uma punição cármica, mas um ótimo recurso facultado pela Lei, para a harmonização com
nossas ligações ancestrais.
O médium, desde que integrado à corrente espiritual de um centro de Umbanda, torna-se
beneficiário direto dos orixás, recebendo seu amparo e direção. Mesmo que sua mediunidade
de incorporação demore a aflorar, ou nunca aconteça, está religado aos orixás por sua fé e é
importante para a corrente, que confiará a ele algum outro tipo de trabalho nas atividades da
casa: auxílio ao trabalho dos guias, orientação à assistência, canto dos pontos aos orixás, etc.
Todos os médiuns de uma corrente estão sob a irradiação direta dos orixás.
O terreiro é um lugar de meditação e trabalhos espirituais, não de comentários e
observações. Jesus disse: "Orai e vigiai", para que não penetrem no rebanho ovelhas negras,
evitando assim que se estraguem as outras.
A meditação e a firmeza de cada médium evitam que ocorram fatos desagradáveis durante
os trabalhos.
Todo médium que não esteja concentrado deverá ficar atento na incorporação e
desincorporação de seus irmãos de fé, pois é dever de todos evitarem que acidentes
aconteçam.
Procure dar exemplos de paciência e desprendimento, servindo a todos com bondade e
dedicação.
Não dê ouvidos às intrigas e calúnias. Só as árvores frutíferas são apedrejadas, na tentativa
de derrubar seus frutos. A uma árvore estéril ninguém dá importância. A calúnia muitas vezes é
uma honra para quem a recebe. Nunca pare seu serviço por causa da calúnia, se parar estará
dando razão ao caluniador.
As dúvidas que surgirem no corpo mediúnico deverão ser levadas ao conhecimento do
diretor espiritual, para melhores explicações e esclarecimentos. Quando o médium souber algo
a respeito de seu irmão que o mesmo está sujeito a complicações com terceiros, deverá dirigirse
à Diretoria e explicar o fato, porque o mal se corta pela raiz.
São muitas as oportunidades que o filho de fé recebe, basta saber aproveitá-las.
PREPARAÇÃO COMPORTAMENTAL E DEVERES DOS
CAMBONES E DOS AUXILIARES
"Estamos todos ligados uns aos outros e todos em Deus."
Espírito Miramar
Muitos imaginam que só pode participar das atividades dos terreiros quem é médium de
incorporação. Existem diversas formas de mediunidade e os templos umbandistas necessitam
Umbanda Página 32
de muitas pessoas colaboradoras, para seu bom funcionamento físico e espiritual. Se todos
dentro do terreiro incorporarem, quem irá cantar os pontos, quem irá cambonar, quem irá ajudar
a amparar os médiuns novos que estão aprendendo a girar?
Todos nós podemos vestir o branco, principalmente dentro do coração, isto é, vestir nosso
espírito de branco em prol de um trabalho de caridade e caritativo e verdadeiro. Os cambones
são trabalhadores abnegados que cuidam para que tudo esteja em ordem e atendem às
necessidades dos Guias incorporados, quando precisam de algum elemento material.
São muito importantes e são os grandes responsáveis pelo bom andamento das atividades
do templo, durante um trabalho. São médiuns preparados para a doutrinação de espíritos
menos esclarecidos e para o auxílio na firmeza dos rituais.
Há cambones que não são incorporantes, mas são capacitados e consagrados no trabalho
de auxiliar e servir os mentores e guias durante os trabalhos. Há aqueles que estagiam nessas
funções e preparam seus espíritos para a prática da mediunidade de incorporação. Em algumas
casas, essas funções funcionam como porta de entrada da mediunidade, pois o médium
aprende primeiro a cambonar, para depois vibrar sua mediunidade ativa, junto com os médiuns
mais experientes.
Somente os cambones preparados têm autorização para auxiliar as entidades na
manipulação magística de elementos diversos, pois seu corpo espiritual foi preparado para isso.
DEVERES DOS CAMBONES E DOS AUXILIARES
Preparar-se antes dos trabalhos e concentrar-se durante eles.
Conhecer bem as normas da casa.
Preparar, antes da abertura da gira, o que as entidades costumam solicitar.
Servir e respeitar os Guias e os médiuns. Sempre chamar as entidades pelo seu nome de
força.
Saudar a entidade e acomodá-la no seu lugar.
Entregar para a entidade tudo o que ela solicitar.
Manter-se concentrado e em total sintonia com os Guias que estiver cambonando.
Se a entidade riscar o ponto pela primeira vez, copiá-lo e depois passar para o médium, ou agir
conforme as normas da casa,
Manter-se atento aos atendimentos realizados pêlos Guias, principalmente quando o médium é
iniciante na função. Caso a entidade de algum filho faça algo incompatível com as normas da
Umbanda Página 33
casa, comunicar isso a ela, com muito respeito, explicando-lhe que nessa casa não é permitido
agir daquela maneira.
Esclarecer dúvidas dos consulentes, quanto ao entendimento da fala do Guia, prestando
atenção e anotando as receitas de ervas, acendimento dos charutos, cachimbos, cigarros,
velas, etc.
Anotar o que as entidades indicam aos consulentes: banhos, defumações e outras
recomendações.
Ser discreto e preciso. Não ouvir nem participar do diálogo entre o consulente e a entidade. Se
solicitado na conversa, por qualquer motivo, ser o mais discreto e educado possível. Nunca
revelar o que ouviu durante o atendimento, a não ser para o dirigente da casa, caso seja
necessário.
Nunca interferir nas decisões da entidade.
Agir com atitudes de respeito, amor, caridade e fraternidade, desinteressadamente, em relação
aos consulentes e freqüentadores do templo.
Despedir-se do(s) Guia(s) que cambonou, antes de suas retiradas, agradecendo sua(s)
vinda(s) ao terreiro, desejando-lhe que "Pai Oxalá lhe dê muita luz e força".
Preparar-se sempre, buscando mais esclarecimentos e estudos acerca da espiritualidade.
Em diversos terreiros de Umbanda existe uma classificação para os responsáveis pêlos
serviços gerais:
o Cambone Chefe responsável geral, que prepara e defuma o templo, para que o
sacerdote e os demais médiuns desenvolvam seu trabalho.
o Cambone Sub-chefe responsáveis pêlos médiuns já desenvolvidos.
o Cambone de Terreiro executa serviços gerais e auxilia os médiuns.
o Cambone de Assistência é responsável pelo encaminhamento das
pessoas para as consultas espirituais.
o Cambone Iniciante médium em princípio de aprendizagem.

PREPARAÇÃO DA CORRENTE MEDIÚNICA


A defumação é feita na abertura dos trabalhos, acompanhada dos pontos cantados e
batidos nos atabaques, palmas e/ou outros instrumentos, da tradição umbandista.
As ervas usadas para a defumação variam de terreiro para terreiro, de acordo com os
fundamentos de cada casa.

A religião não deve ser como uma corrente que arrebenta no elo mais fraco. Quanto menos
pessoas fizerem o negativo, menos todos estarão expostos à vergonha. Fica claro que cada
um é responsável por todos e vice-versa. Ou seja, para que a religião evolua é preciso que,
ajudem seu pior praticante a ascender espiritualmente e como ser humano na sua totalidade
(material, emocional, culturalmente e como indivíduo (cidadão)).
Na estrutura de um Templo, todas as funções são importantes (dirigentes, médiuns,
cambones, auxiliares, etc.). O corpo mediúnico deve ser dividido em grupos de trabalho, cada
um com suas tarefas específicas.
Os participantes poderão se revezar nos grupos ou atuar segundo suas habilidades, e cada
posto deve ser ocupado pela pessoa mais qualificada para a função, ou a mais disposta.
A preparação do corpo mediúnico começa pelo esclarecimento sobre a doutrina
umbandista, a mediunidade e, principalmente, sobre a importância do médium e do seu
comportamento e concentração, antes, durante e depois dos trabalhos.
Citamos, a seguir, pontos importantes para uma boa preparação corporal, mental,
emocional e espiritual dos médiuns:
Umbanda Página 23
REFORMA ÍNTIMA
A partir da ciência de sua mediunidade e do compromisso de colocá-la a serviço da
espiritualidade, o médium deverá conscientizar-se da própria necessidade de melhorar
comportamentos e atitudes no dia a dia, que automaticamente refletirão de modo positivo nos
trabalhos que realizará no Templo e em sua vida como um todo.
Quando alguém assume o grau de médium, dele também é exigido que purifique seu íntimo,
que reformule seus antigos conceitos a respeito da religiosidade e que se porte dignamente, de
acordo com o que dele esperam os orixás sagrados, que o ampararão daí em diante. A
transformação interior é o caminho correto da vida, o caminho da fé e da vontade, o caminho da
luz.
A prática religiosa deve ser um ato sagrado o tempo todo, levando a simplicidade da vida
para dentro do nosso coração e tornando sagrado o nosso mundo, as nossas ações, os nossos
momentos. Não é preciso "arranjarmos tempo" para praticar a religião, o necessário é
transformarmo-nos interiormente, buscando nossa verdadeira essência, nossa verdadeira natureza
e identidade, a cada momento, expressando isso na criação de um mundo melhor. É
preciso purificar o corpo físico e o coração.
PURIFICAÇÃO DO CORPO
A purificação do corpo implica comportamento limpo, claro e aberto, dar carinho e servir aos
outros, fazendo de nós um modelo a ser seguido. Significa não ir à busca do prazer e da gula,
não falar palavras fúteis, desrespeitosas ou sobre os erros dos outros; não promover discórdias;
mas sim, incentivar as pessoas a fazerem as coisas certas; falar palavras reconciliadoras; ser
educado, amoroso, suave, delicado, afável e benevolente; não falar alto e grosseiramente.
Implica, ainda, o consumo de alimentos depurativos do sangue e curativos e a superação de
vícios e maus hábitos.
Nos dias de trabalho estamos para Deus. Certos cuidados são exigidos: não ter relação
sexual por pelo menos 24 horas antes; não ingerir bebida alcoólica e/ou outras drogas e
substâncias prejudiciais à saúde; não ingerir carne de espécie alguma. A alimentação deve ser
leve, pois refeições pesadas ou picantes demais trazem distúrbios orgânicos e energéticos que
desvirtuam o trabalho do médium, interferem na concentração e despertam emoções mais
densas.
O excesso de alimentação produz odores desagradáveis pêlos poros, pela saída dos
pulmões e do estômago. O álcool e outras substâncias tóxicas conturbam os centros nervosos,
entorpecendo a mente, anulando a percepção extra-sensorial e alterando certas funções
psíquicas. Também abrem o campo mediúnico às vibrações negativas e estimulam o emocional
dos médiuns.
Os procedimentos de resguardo visam desobstruir os pontos de captação de energias e
afinizar a vibração do médium em seu padrão pessoal. Quanto mais puro em suas energias,
mais facilmente o médium sintonizará vibratoriamente as irradiações das entidades e isto, se
feito continuamente, se expressará na saúde do médium, tornando-o menos suscetível às
doenças.
Umbanda Página 24
A PURIFICAÇÃO DO CORAÇÃO
A purificação do coração, enquanto fonte da consciência do ser humano ocorre com a
preservação do pensamento limpo e sem defeito. Para isso devemos desenvolver a
sinceridade, o respeito, a humildade, a gratidão a harmonia, o contentamento, a misericórdia, a
compaixão e o perdão, no entanto sem aplacar o sentimento de revolta contra as injustiças e a
miséria.
Este mundo transitório da matéria deve ser entendido como uma dádiva que podermos
enxergar nossa verdadeira dimensão e caminhar para comunhão com a consciência divina. Em
nossa prática do dia-a-dia, temos de sermos, nós mesmos, uma fonte de luz.
O ciclo reencarnacionista é uma das vias de evolução, sob a irradiação dos sagrados orixás,
na qual todo e qualquer espírito tem a possibilidade percorrer um caminho de infinito
aperfeiçoamento, tanto no plano material quanto no plano espiritual.
O sentido da vida está em ajudarmos no equilíbrio de nossos semelhantes. Aqueles que se
tornaram conhecedores da Lei e já conquistaram um equilíbrio, buscam a essência do Criador
nas coisas mais simples; sacrificam-se pêlos semelhantes, sem nada esperar em troca;
preocupam-se em não depredar a natureza; integram-se por inteiro ao ancestral místico,
sabendo que tudo é parte do mesmo corpo de Olorum. Devemos estar alerta para não se
anular para servir ao outro, pois se diminuindo muito não se poderá prestar ou servir para nada.
A nós, umbandista cabe purificar o nosso íntimo, renovar a religiosidade e a fé nos sagrados
orixás, no nosso meio humano, sofrido e desencantado com tantas injustiças sociais e religiões
comprometidas com esse estado de coisas. Temos que lidar, simultaneamente, com o nosso
íntimo e com o nosso meio, sem nos dissociarmos de nada ou de ninguém à nossa volta. É
fundamental que conquistemos os dons, as virtudes e a harmonia para o nosso planeta,
retornando à simplicidade de cultuar Deus, de sermos responsáveis pela vida e auxiliares do
nosso Divino Criador. Se essa for à prática cotidiana na vida do médium, torná-lo-á inacessível
aos espíritos trevosos e às vibrações negativas.
CONDIÇÕES PARA O TRABALHO
Os dias de trabalho são especiais e sagrados e os médiuns devem conscientizar-se disso. É
necessário ter um dia o mais tranqüilo possível; evitar, ao máximo, aborrecimentos e
discussões; ter muito cuidado com o que fala ou pensa, não se envolver em fofocas ou intrigas,
nem trazer esse tipo de assunto para dentro do Templo. Todo médium precisa estar bem,
calmo e equilibrado para que receba adequadamente as entidades e estas possam usar as
boas energias dele, para atender e cuidar dos consulentes e dele próprio, que pode e deve sair
revigorado do trabalho.
Os guias percebem tudo o que sentimos e pensamos. Um espírito elevado não aceita
atitudes erradas, piadas chulas, depreciação do outro e sentimentos negativos. Se o médium
adotar um mau comportamento, não conseguirá uma sintonia com os guias de luz, que se
afastam e, em seu lugar, são atraídos espíritos zombeteiros, que causam erros e transtornos.
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Caso o médium tenha um dia agitado, por várias situações, deve chegar ao Templo com
tempo suficiente para relaxar, acalmar-se e, se necessário, pedir alguma ajuda aos irmãos ou
ao dirigente. Caso não esteja em condições de trabalhar, não o faça. Fique para os rituais,
mantenha-se concentrado, tome um passe e permaneça em silêncio, em um local onde não
atrapalhe o andamento do trabalho.
PREPARO PARA O DIA DE TRABALHO
BANHOS DE DEFESA
Nos dias de trabalho, tomar banhos de ervas, depois de acender a vela para o Anjo de
Guarda. Os banhos podem ser apropriados a cada um, de acordo com seu orixá de cabeça, ou,
se o mesmo ainda não for conhecido, poderão ser feitos os banhos de defesa indicados a
todos, de acordo com a orientação do mentor da casa.
O banho de defesa, ou o que foi determinado pêlos guias, poderá ser tomado horas antes
da cerimônia ou no mesmo dia pela manhã. Para os banhos, ferver água em um vasilhame,
abafando-as. Deixar esfriar naturalmente e, após o banho de higiene, derramar o preparado de
ervas do ombro para baixo ou segundo a orientação do dirigente da casa. Exemplo de ervas:
arruda, guiné, alecrim, manjericão, alfazema, sálvia, hortelã, tapete de Oxalá, malva, colônia,
abre-caminhos, quebra-demandas, etc.
FIRMEZA DE FORÇAS
Antes de sair de casa, o médium deve firmar velas, para a direita e para a esquerda, de
acordo com as orientações da casa freqüentada. Caso não possa firmar as velas de proteção
em sua casa, o Templo poderá oferecer um espaço apropriado para isso.

PREPARAÇÃO DO AMBIENTE PARA OS TRABALHOS


Cada religião recebe de Deus um grau vibratório e magnético
específico que se assemelha a uma tela vibratória, e dentro dele
ressonarão todas as ações iniciadas dentro de seus templos..."
Mestre Rubens Saraceni
As flores, as imagens, o cheiro, o som, os pontos, o ritmo, o bordão são coisas fascinantes
que os fiéis não esquecem. A Umbanda é uma religião privilegiada, também, em relação a esses
elementos, que devem ser cuidados com esmero.
LIMPEZA
O terreiro todo precisa estar bem limpo, perfumado, arejado e iluminado, principalmente
nos dias de trabalho. A limpeza deve ocorrer antes, durante e depois de cada sessão.
ALTAR - CONGÁ
O altar, devidamente erguido e fundamentado, é um ponto de força pelo qual as
irradiações das divindades alcançarão todos os fiéis presentes no Templo. Sua principal
função é criar um magnetismo específico, um portal de captação das irradiações verticais das
divindades, irradiador dessas energias positivas que se espalharão horizontalmente,
ocupando todo o espaço do Templo.
No altar são colocados elementos materiais que, assim que são consagrados
religiosamente, tornam-se irradiadores de energias elementares puras ou mistas, ou
absorvedores de ondas ou de energias negativas (da aura ou do corpo energético das
Umbanda Página 18
pessoas), que enviam às dimensões elementares, onde elas são diluídas e incorporadas ao
éter.
O altar deve, também, e ainda mais especialmente, estar sempre limpo e arrumado, com
toalhas, imagens, flores, ervas, frutos, velas e até cristais, minérios, armas simbólicas, etc. O
altar esteticamente organizado atrai o olhar dos fiéis, criando um magnetismo maior, que
beneficia a comunhão com as divindades e entre as pessoas.
O congá é o mais potente aglutinador de forças dentro do terreiro: é atrator, condensador,
escoador, expansor, transformador e alimentador dos mais diferentes tipos de energias e
magnetismo. Existe um processo de constante renovação axé que emana do congá, como
núcleo centralizador de todo o trabalho na umbanda. Cada vez que um consulente chega à
frente e vibra em fé, amor, gratidão e confiança, renovam-se naturalmente os planos
espirituais e físicos, numa junção que toda a consagração dos orixás na Terra, na área física
do templo.
Vamos descrever as funções do congá:
Atrator: atrai os pensamentos que estão à sua volta num amplo magnetismo de recepção das
ondas mentais emitidas. Quanto mais as imagens e elementos dispostos no altar forem
harmoniosos com o orixá regente do terreiro, mais é intensa essa atração. Congá com excessos
de objetos dispersa suas forças.
Condensador:
emanação psíquica dos presentes: palestras, adoração, consultas etc.
Escoador: se o consulente ainda tiver formas-pensamentos negativas, ao chegar à frente do
congá, elas serão descarregadas para a terra, passando por ele (o congá) em potente influxo
como se fosse um pára-raios.
Expansor: expande as ondas mentais positivas dos presentes; associadas aos pensamentos
dos guias que as potencializam, são devolvidas para toda a assistência num processo de fluxo e
refluxo constante.
Transformador: funciona como uma verdadeira usina de reclicagem de lixo astral,
devolvendo-o para a terra;
Alimentador: é o sustentador vibratório de todo o trabalho mediúnico, pois junto dele fixam-se
no Astral os mentores dos trabalhos que não incorporam.
AS IMAGENS
O uso de imagens é um recurso que tem por finalidade inspirar respeito e despertar nas
pessoas uma postura religiosa, de fé, silêncio e reverência, elevando as vibrações mentais,
aumentando a conexão com as qualidades divinas do Criador. Devem estar sempre limpas e
corretamente distribuídas no altar.
Umbanda Página 19
Muitos estranham que a Umbanda aceite e recorra aos ícones sagrados de outras religiões
(como os santos católicos). Mas, lembramos que a transposição dos orixás da natureza para o
interior das nascentes tendas de Umbanda, processou-se por intermédio dos santos católicos.
Um espírito, quando se universaliza, abre um campo de atuação tão amplo que
ultrapassa a religião que possibilitou sua elevação dentro das hierarquias divinas. O Divino
Jesus Cristo, por exemplo, ocultava com Sua singela imagem humana, o Divino Mestre Oxalá.
Um mistério divino tem alcance planetário, multidimensional e possui suas hierarquias
espalhadas por todas as religiões.
O Ritual de Umbanda Sagrada é universalista, congrega espíritos de todas as esferas
espirituais, dotando-os com nomes simbólicos, identificadores das qualidades dos orixás. A
Umbanda aceita todas as divindades como exteriorizações dos mistérios divinos, acolhe a
todas e reserva a cada uma um meio de melhor amparar os espíritos que Deus Pai lhes
confiou, por meio das linhas de ação e trabalho.
FLORES, ERVAS, RAÍZES, SEMENTES E FRUTAS
Plantas e flores são os melhores enfeites, pois produzem um efeito mágico não só de
beleza, mas de energização, absorvendo as energias negativas e transformando-as em
positivas.
Flores, ervas, raízes, sementes e frutas no altar liberam essências balsâmicas que
purificam o ambiente, tornando-o mais leve e benéfico, mantendo uma vibração elevada. As
plantas em geral emitem radiações energizadoras, purificadoras, curadoras, cicatrizadoras,
higienizadoras e potencializadoras.
Os frutos são fontes de energia que têm várias aplicações no plano etérico. Cada fruta é
uma condensação de energias que formam um composto energético sintético que, se
corretamente manipulado pêlos espíritos, tornam-se plasmas astrais usados por eles até como
reservas energéticas durante suas missões socorristas e curadoras, pois, quando atuam em
esferas mais densas, sofrem esgotamentos.
PEDRAS, MINERAIS OU CRISTALINAS
São elementos materiais condensadores e irradiadores de energias e ondas, que podem
ser direcionadas mentalmente. Cada pedra possui vibração própria e traz para o ambiente do
Templo a força do sítio da Natureza da qual foi retirada.
Orixá Linha Pedra Minério
Cristalina ou da Fé Quartzo
Oiá Cristalina ou da Fé Quartzo Estanho
Mineral ou do Amor Ametista Cobre
Mineral ou do Amor Opala Antimônio
Oxóssi
Vegetal ou do
Conhecimento
Esmeralda,
amazonita
Manganês,
madeira
petrificada
Umbanda Página 20
Obá
Vegetal ou do
Conhecimento
Calcedônia, madeira
petrificada
Hematita
Xangô
ígnea ou da
Justiça
Pirita
Egunitá
ígnea ou da
Justiça
Topázio imperial,
ágata de fogo
Magnetita
Eólica ou da Lei Rubi, granada, Ferro
lansã Eólica ou da Lei Citrino Níquel
Obaluaiê
Telúrica ou da
Evolução
Turmalina,
obsidiana
Cassiterita
Nana
Telúrica ou da
Evolução
Rubelita, safira
Prata
lemanjá
Aquática ou da
Geração
Diamante, águamarinha
Platina
Aquática ou da
Geração
Ônix preto
Molibdenita
FERRAMENTAS
São utensílios religiosos e magísticos, como cálices, espadas, colares de contas e outros
feitos dos mais variados minérios que quando consagrados adquirem a capacidade de atrair ou
projetar ondas vibratórias energizadas. Também são absorvedoras de energias condensadas
no éter dos Templos ou nos campos eletromagnéticos dos médiuns ou dos consulentes.
Umbanda Página 21
ARRUMAÇÃO DOS ATABAQUES
Cada Templo tem sua forma de adornar e cobrir seus instrumentos sagrados e o local de
guardá-los. Costuma-se, ao fim das celebrações, afrouxarem os couros, para que durem mais
tempo.
DEFUMAÇÃO DO ESPAÇO
A defumação, antes do início de cada trabalho, dilui as energias negativas condensadas,
purifica o ambiente e sutiliza as vibrações, tornando o espaço receptivo às energias de ordem
positiva. Dilui cargas fluídicas dos médiuns e cargas energéticas que vêm com os consulentes,
além de trabalhar com os mesmos elementos básicos (fogo, plantas e alimentos) que as velas e
os arranjos das oferendas já representavam visualmente, intensificando o "clima" de magia e
sacralidade.
As defumações descarregam o campo mediúnico e sutilizam suas vibrações, tornando-o
receptivo às energias de ordem positiva. Ervas e fumos, quando potencializadas pêlos
mentores com energias etéricas, tornam-se poderosos limpadores de campos
eletromagnéticos. A fumaça defuma os médiuns e suas guias.
De preferência, defumar o ambiente todo, defumar as pessoas: o dirigente da casa, os
médiuns, seguindo a hierarquia da casa, se for o caso e a assistência.
Defumar o exterior se houver. O incensário com a defumação restante deve ficar do lado de
fora do terreiro.
É bom lembrar que o braseiro deve estar tão bem aceso que queimará até o fim, até virar
cinza. O carvão em brasa fica mais belo e brilhante, além do que o empenho, dedicação e
esforço do responsável pelo braseiro, tornam-se evidentes e podem ser admirados pelas
pessoas mais atentas. O próprio responsável acaba tornando mais intensa sua ligação (mental
e corporal) com o objeto simbólico, potencializando sua irradiação mágica, material e espiritual.
Umbanda Página 22
A defumação é feita na abertura dos trabalhos, acompanhada dos pontos cantados e
batidos nos atabaques, palmas e/ou outros instrumentos, da tradição umbandista.
As ervas usadas para a defumação variam de terreiro para terreiro, de acordo com os
fundamentos de cada casa.
PREPARAÇÃO DA CORRENTE MEDIÚNICA
A religião não deve ser como uma corrente que arrebenta no elo mais fraco. Quanto menos
pessoas fizerem o negativo, menos todos estarão expostos à vergonha. Fica claro que cada
um é responsável por todos e vice-versa. Ou seja, para que a religião evolua é preciso que,
ajudem seu pior praticante a ascender espiritualmente e como ser humano na sua totalidade
(material, emocional, culturalmente e como indivíduo (cidadão)).
Na estrutura de um Templo, todas as funções são importantes (dirigentes, médiuns,
cambones, auxiliares, etc.). O corpo mediúnico deve ser dividido em grupos de trabalho, cada
um com suas tarefas específicas.
Os participantes poderão se revezar nos grupos ou atuar segundo suas habilidades, e cada
posto deve ser ocupado pela pessoa mais qualificada para a função, ou a mais disposta.
A preparação do corpo mediúnico começa pelo esclarecimento sobre a doutrina
umbandista, a mediunidade e, principalmente, sobre a importância do médium e do seu
comportamento e concentração, antes, durante e depois dos trabalhos.
Citamos, a seguir, pontos importantes para uma boa preparação corporal, mental,
emocional e espiritual dos médiuns:

O TERREIRO (ESPAÇO SAGRADO E AS POSTURAS)


"UMBANDA TEM FUNDAMENTO,
"Somos templos vivos, através dos quais o Pai chega ao nosso semelhante. Temos que
espelhar o Pai."
Mestre Rubens Saraceni
Para que esta Doutrina de Umbanda não se transforme em letra morta ou palavras ao
vento, na prática cotidiana, é preciso que nossos terreiros sejam modelos de virtude dela.
Templo tem uma função nobre, muito maior do que podemos imaginar ou ver com olhos
carnais. Nesses locais, existe um campo eletromagnético criado pelas Irradiações Divinas que
o inundam de essências religiosas despertadoras da fé. No seu lado etérico ou espiritual,
cada Templo assemelha-se a uma célula viva, que ora se expande, ora se contrai, de acordo
com as necessidades. Nossos Templos são espaços consagrados às divindades e aos rituais
religiosos da Umbanda. Espaço físico do Templo acolhe aqueles que ali trabalham e os
freqüentadores de suas atividades. Mas, cada Templo tem seu correspondente espaço
etérico, seu grau vibratório e magnético, semelhante a uma tela vibratória. Nesse espaço
etérico específico, ressonarão todas as ações voltadas ao bem geral, iniciadas dentro do
templo, protegidas, amparadas e estimuladas pêlos mentores espirituais.
Sagrado é o Templo e sagrado deve ser o umbandista; silencioso e com respeito
integrando-se em espírito às coisas de Deus e tornando-se seu manifestador
Sempre que adentrarmos em um Templo, devemos pedir licença e comportarmo-nos
religiosamente, ainda mais se ele for de nossa religião, pois é o local onde nos conectamos
com o Divino Criador.
Não devemos jamais levar nossos vícios para os espaços sagrados, e nossa conduta
nesses locais deve ser de extrema cerimonial idade, cuidado e respeito. Esse lugar é
incompatível com conversas, brincadeiras, mexericos, comércio, vícios, futilidades, lixos e
qualquer outra inconveniência. O terreiro é um espaço sagrado e não um clube de amigos.
Todos devem estar irmanados no amor, na fé e nas atitudes, pois a postura é o modo
pelo qual Deus se manifesta por meio de cada um, para o seu semelhante. Portanto, nossa
postura deve ter coerência com o "espelhar o Pai".
Os praticantes de uma religião são membros de uma família e, em uma família desunida
e em desarmonia, não se podem realizar grandes coisas. Portanto, não deve haver conflito de
autoridade, desrespeito com o chefe da casa, com os irmãos ou com o público.
O corpo de trabalho, além das atitudes adequadas, tem de estar em prontidão, em
sintonia com o chefe da casa. Deve ter a compreensão profunda do momento sagrado e
bastante clareza da fronteira entre o profano e o sagrado.

ORGANIZAÇÃO DE GRUPOS DE TRABALHO


Temos consciência de que a maior parte dos templos de Umbanda são pequenos, mas,
pequenos, médios ou grandes, todos precisam ter uma infra-estrutura adequada, com seu espaço,
seus utensílios, seus médiuns e demais colaboradores, devidamente preparados.
Um Templo é uma organização e, como tal, tem de ter qualidade. Em uma organização
ninguém pode responder "não sei". Todos devem estar orientados, para que, ao receber qualquer
pergunta por parte dos freqüentadores, possam respondê-la ou levá-los até quem pode resolver o
seu problema.
Para dar um tratamento adequado a todos os trabalhos realizados em nossa religião, cada casa
deve formar Grupos Específicos, que se dedicarão ao planejamento, organização e condução de
cada atividade, de acordo com as necessidades e disponibilidades do Templo. Cada grupo deverá
ter um coordenador, auxiliado por irmãos, que poderão ter funções específicas ou não. Todos os
grupos deverão estar integrados e devidamente preparados e informados, para o exercício de suas
funções.
GRUPO PARA LIMPEZA E ARRUMAÇÃO DO TEMPLO
Esse grupo deve cuidar da manutenção da limpeza e da ordem do chão, os móveis e utensílios
que fazem parte do espaço sagrado, inclusive das cadeiras ou assentos para acomodação dos
freqüentadores.
GRUPO PARA ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES
Esse grupo deverá preparar os cronogramas e folders explicativos dos trabalhos da casa:
Calendário Anual de Trabalhos e Eventos
Umbanda Página 14
Deverá ser definido no início do ano, em conjunto com o dirigente da casa, e servirá como base
para o planejamento das atividades do Templo todo o ano.
Calendário Mensal de Trabalhos e Eventos, para os médiuns e para os
freqüentadores
Será definido antecipadamente, mês a mês, informando as datas, formas de trabalho, orixás
cultuados e etc.
Folhetos
Com Mensagens, Orações, Cantos e Explicações Doutrinárias, para os médiuns e para
os freqüentadores e demais divulgações necessárias.
GRUPO PARA RECEPÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE SENHAS
A recepção aos fiéis deve ser feita desde a porta de entrada até o interior do templo. Na
porta de entrada deve haver, pelo menos, dois trabalhadores da casa, devidamente
uniformizados, para as primeiras orientações.
Em seguida, outros trabalhadores desse grupo distribuirão as senhas, colherão as
assinaturas dos freqüentadores em um livro de presenças e distribuirão os folders com os
cronogramas e as mensagens doutrinárias relativas ao trabalho do dia.
GRUPO PARA ORIENTAÇÕES Á ASSISTÊNCIA
Esse grupo ficará encarregado do encaminhamento das pessoas aos lugares, onde
permanecerão, em silêncio, antes e durante os trabalhos. Dará as primeiras orientações
comportamentais para a harmonia da assistência, o começo de mudança do tônus vibratório
geral e o modo adequado de agir em um templo ou em um santuário natural, quando for o caso.
Umbanda Página 15

POR QUE SOU UMBANDISTA


Na Umbanda, aceitam-se adeptos de todos os cultos religiosos;
Na Umbanda, não há privilégio nem preconceitos sobre cor, raça e religião;
Na Umbanda, não há intolerância religiosa;
Na Umbanda, o dinheiro não tem o poder de salvar ninguém;
Na Umbanda, a caridade não é limitada;
Na Umbanda, não se faz da caridade mercadoria: dá-se de graça que de graça se recebe;
Na Umbanda, a caridade é pura; está próxima de Deus!
Extraído do segundo número do boletim A Caridade, da Tenda N Senhora da Piedade (julho de
1956).
O VERDADEIRO UMBANDISTA
foram criadas por Ele. É amar a Terra, o vento, o rio, o fogo, o mar, as montanhas, as plantas e as
criaturas viventes. É amar a criatura humana, símbolo da perfeição de toda sua obra; Ser um
verdadeiro umbandista é colocar-se à disposição dos Guias Espirituais da Umbanda na prática da
Caridade, expressão maior do amor. É saber ouvir os bons conselhos dos Pretos Velhos; é ser
intrépido e valente como os Caboclos; é permanecer doce e gentil como as Crianças; é ser flexível e
corajoso como os Marinheiros; é ser um bom combatente e audacioso como os Boiadeiros; ser
manso e sereno como os Ciganos; é ser divertido e alegre como os Baianos (tal como o Mestre Zé
Pelintra). Ser um bom guardião das coisas santas como o incompreendido Exu;
Ser um verdadeiro umbandista é honrar os Sagrados Orixás, tenham eles os nomes que
tiverem, sejam eles regentes dos pontos de força em que estiverem entronizados, sejam eles
conhecidos ou ainda velados. É saber solicitar-lhes o socorro no cumprimento do dever; é pedir-lhes
ajuda quando necessário; é entender o seu correto campo de ação;
Ser um verdadeiro umbandista é prestar a caridade da forma como puder realizar,
independente do rótulo, mas sempre com amor, inteireza de coração e humildade. É estar sempre
solícito aos apelos dos necessitados, nunca esperando nada em troca. Nunca aguardando qualquer
forma de retribuição, seja material ou espiritual. É estender a mão ao caído, mas sem exigir dele o
pagamento do socorro;
Ser um verdadeiro umbandista é amar o irmão de fé, compreendendo suas fraquezas e
limitações, sem jamais apontar-lhe o dedo acusador com a intenção de empurrá-lo ao precipício. É
não tomar-se altivo, soberbo e poderoso perante os ignorantes e pequenos. É calar-se diante da
injúria ou da calúnia, e não revoltar-se preparando-se para a guerra armada;
Ser um verdadeiro umbandista é respeitar a autoridade espiritual que lhe foi apresentada
pêlos Guias, na pessoa do Chefe de Terreiro. É entender que ele também é passível de erros e
tropeços, e nunca pode ser visto como infalível. É aceitar as suas correções e orientações, ainda
que na vida comum ele peque naquilo que orientou melhor os seus filhos de fé. É fazer sempre o
Umbanda

ORIGEM DA UMBANDA


Em 1908, o jovem Zélio Fernandino de Moraes estava com 17
anos e havia concluído o curso propedêutico (equivalente ao atual
Ensino Médio). Zélio preparava-se para ingressar na Escola Naval,
quando fatos estranhos começaram a acontecer.
Às vezes, ele assumia a estranha postura de um velho, falando
coisas aparentemente desconexas, como se fosse outra pessoa e que
havia vivido em outra época. Em certas ocasiões, sua forma física
lembrava um felino lépido e desembaraçado que parecia conhecer
todos os segredos da Natureza, os animais e as plantas.
Esse estado de coisas logo chamou a atenção de seus familiares,
principalmente porque ele se preparava para seguir carreira na
Marinha, como aluno oficial. As coisas foram se agravando e os chamados "ataques" repetiam-se
cada vez com maior intensidade. A família recorreu então ao médico Dr. Epaminondas de
Moraes, tio de Zélio e diretor do Hospício de Virgem Grande.
Após examiná-lo e observá-lo durante vários dias, encaminhou à família dizendo que a loucura
não se enquadrava em nada do que ele havia conhecido, ponderando ainda que fosse melhor leválo
a um padre, pois o garoto mais parecia estar endemoninhado. Como acontecia com quase todas
as famílias importantes, também havia na família Moraes um padre católico. Por meio desse
sacerdote, também tio de Zélio, foi realizado um exorcismo para livrá-lo daqueles incômodos.
Entretanto, nem esse, nem os dois outros exorcismes realizados posteriormente, inclusive com a
participação de outros sacerdotes católicos, conseguiram dar aos Moraes o tão desejado sossego,
pois as manifestações prosseguiram, apesar de tudo.
Depois de um certo tempo, Zélio passou alguns dias com uma espécie de paralisia, quando,
repentinamente, se levantou e se sentiu completamente curado. No dia seguinte, voltou a caminhar
como se nada tivesse ocorrido. Sua mãe, Dona Leonor de Moraes, levou-o a uma curandeira,
muito conhecida na região, Dona Cândida, que incorporava o espírito de um Preto-Velho chamado
Tio António. Essa entidade conversou com Zélio e fazendo suas rezas disse-lhe que possuía o
fenômeno da mediunidade e deveria trabalhar para a caridade. O pai de Zélio, Sr. Joaquim Fernandino
Costa, apesar de não freqüentar centros espíritas, já era um adepto do Espiritismo, fazendo muitas
leituras desse gênero.
No dia 15 de novembro de 1908, por sugestão de um amigo de seu pai, Zélio foi levado à
recém-fundada Federação Espírita de Niterói, município vizinho àquele onde residia à família
Moraes, ou seja, Neves. A Federação era, então, presidida pelo senhor José de Souza
(conhecido como Zeca, segundo palavras de Zélio), chefe de um departamento da Marinha
chamado Toque-Toque.
O jovem Zélio foi conduzido à mesa pelo senhor José de Souza e, tomado por uma força
estranha e alheia à sua vontade, levantou-se e disse: Aqui está faltando uma flor. Saiu da
sala em direção ao jardim, voltando logo a seguir com uma flor que colocou no centro da
mesa. Essa atitude causou um grande tumulto entre os presentes principalmente porque, ao
mesmo tempo em que isso acontecia, ocorreram surpreendentes manifestações de Caboclos
Umbanda Página 8
e Preto-Velhos. O diretor da sessão achou aquilo tudo um absurdo e advertiu-os, com
aspereza, citando o "seu atraso espiritual" e convidando-os a se retirarem.
O senhor José de Souza, médium vidente, interpelou o espírito manifestado no jovem
Zélio e foi, aproximadamente, este o diálogo ocorrido:
Sr. José: Quem é você que ocupa o corpo deste jovem?
O espírito: Eu sou apenas um caboclo brasileiro.
Sr. José: Você se identifica como um caboclo, mas eu vejo em você restos de vestes
clericais.
O espírito: O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre, meu
nome era Gabriel Malagrida e, acusado de bruxaria, fui sacrificado na fogueira da Inquisição
por haver previsto o terremoto que destruiu Lisboa, em 1775. Mas, em minha última
existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como um caboclo brasileiro.
Sr. José Por que o irmão fala nesses termos, pretendendo que esta mesa aceite a
manifestação de espíritos que pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados são
claramente atrasados? E qual é o seu nome irmão?
O espírito: Se julgam atrasados esses espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que
amanhã estarei na casa deste aparelho (o médium Zelio) para dar início a um culto em que
esses pretos e esses índios poderão dar a sua mensagem, e, assim, cumprir a missão que o
plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a
igualdade que deve existir entre todos os irmãos encarnados e desencarnados. E se querem
saber o meu nome, que seja este: "Caboclo das Sete Encruzilhadas", porque não haverá
caminhos fechados para mim. Venho trazer a Umbanda, uma religião que harmonizará as
famílias e que há de perdurar até o final dos séculos.
No desenrolar dessa "entrevista", entre muitas outras perguntas, o senhor José de
Souza interrogou se já não bastavam às religiões existentes e fez menção ao Espiritismo,
então praticado, e foram estas as palavras do Caboclo das Sete Encruzilhadas:
O senhor José de Souza fez ainda uma última pergunta: "Pensa o irmão que alguém irá
assistir o seu culto"? Ao que o Caboclo respondeu: Cada colina de Niterói aluará como portavoz
anunciando o culto que amanhã iniciarei.
ou pobre, poderoso ou humilde, todos se tomam iguais na morte, mas vocês homens
preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar
essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Por que não podem nos
visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas
importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além? Por que o não aos
Caboclos e Preto-
Prosseguindo diante do senhor José de Souza, disse ainda o Caboclo das Sete
Encruzilhadas:
o meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e qualquer
entidade que queira se manifestar, independentemente daquilo que haja sido em vida, todos
Umbanda Página 9
serão ouvidos e nós aprenderemos, com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos
aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas nem diremos não, pois esta é
Sr. José: E que nome darão a esta igreja?
O Caboclo: Tenda Nossa Senhora da Piedade, pois da mesma forma que Maria amparou
nos braços o filho querido, também serão amparados os que se socorrerem da Umbanda.
A denominação de "Tenda" foi justificada assim pelo Caboclo: Igreja, Templo, Loja dão
um aspecto de superioridade enquanto Tenda lembra uma casa humilde. Ao final dos
trabalhos, o Caboclo das Sete Encruzilhadas pronunciou a seguinte frase: Levarei daqui uma
semente e vou plantá-la nas Neves onde ela se transformará em árvore frondosa.
No dia seguinte, na Rua Floriano Peixoto, n° 30, em Neves, município de São Gonçalo,
estado do Rio de Janeiro, o Caboclo baixou. Na sala de jantar da família Moraes, às 20h do
dia 16 de novembro de 1908, um grupo de curiosos kardecistas e dirigentes da Federação
Espírita de Niterói estavam presentes para ver como seriam essas incorporações, para eles
indesejáveis ou injustificáveis.
Pontualmente às 20 horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas incorporou e com as
palavras abaixo iniciou seu culto: - Vim para fundar a Umbanda no Brasil, aqui se inicia um
novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos e os índios nativos de nossa terra
poderão trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça,
credo ou posição social.
Logo após a incorporação, o Caboclo foi atender um paralítico, curando-o imediatamente.
Várias pessoas doentes ou perturbadas tomaram passes e algumas se disseram curadas. O
diálogo do Caboclo das Sete Encruzilhadas, como passou a ser chamado, havia provocado
muita especulação e alguns médiuns que haviam sido banidos das mesas kardecistas, por
haverem incorporado Caboclos, Crianças ou Preto-Velhos, solidarizaram-se com aquele
garoto que parecia não estar compreendendo o que lhe acontecia e que de repente se via
como líder de um grupo religioso, obra essa que só terminaria com a sua morte, mas que
suas filhas Zélia de Moraes e Zilméia de Moraes prosseguiram com o mesmo afã. Dona Zélia
desencarnou em 1997 e Dona Zilméia, atualmente com 93 anos, continua sua tarefa
mediúnica na Cabana de Pai António.
No final dessa reunião, o Caboclo ditou certas normas para a seqüência dos trabalhos,
inclusive atendimento absolutamente gratuito, uso de roupas brancas simples, sendo os
cânticos baixos e harmoniosos. A esse novo tipo de culto que se estruturava nessa noite, ele
denominou de Umbanda, que seria a manifestação do espírito para a caridade.
Após a "subida" do Caboclo, manifestou-se uma entidade conhecida como "preto velho"
que saindo da mesa se dirigiu a um canto da sala onde permaneceu agachado. Questionado
sobre o porquê de não ficar na mesa respondeu:
"- Nego num senta não meu sinhô, nego fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e
nego deve arespeita". Após insistência ainda completou: "-Num carece preocupa não, nego
fica no toco que é lugar de nego!" E assim continuou dizendo outras coisas mostrando a
simplicidade, humildade e mansidão daquele que trazendo o estereótipo do preto velho, se
Umbanda Página 10
identificou como Pai António e logo cativou a todos com seu jeito.
ele não ac - Minha cachimba, nego quê o pito que
. Esta frase originou o ponto cantado com este texto.
Todos ficaram perplexos, estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento
material de trabalho dentro da Umbanda. Na semana seguinte todos trouxeram cachimbos
que sobraram diante da necessidade de apenas um para o Pai António. Assim, o cachimbo foi
instituído na linha de pretos velhos. Pai António também foi a primeira entidade a pedir uma
guia (colar) de trabalho.
O pai de Zélio freqüentemente era abordado por pessoas que queriam saber como ele
aceitava tudo isso que vinha acontecendo em sua residência. Sua resposta era sempre a
mesma, em tom de brincadeira respondia que preferia um filho médium em lugar de um filho
louco. Foi um trabalho árduo e incessante para o esclarecimento, difusão e sedimentação da
Umbanda.
Dez anos após a fundação da Tenda Nossa Senhora da Piedade registrada como tenda
Espírita, por não ser aceito na época o registro de uma entidade com especificação de
Umbanda, o Caboclo das Sete Encruzilhadas declarou que iniciava a segunda parte de sua
missão: a criação de sete templos, que seriam o núcleo do qual se propagaria a religião da
Umbanda.
Em 1935, estavam fundados os sete templos idealizados pelo Caboclo das Sete
Encruzilhadas, sendo curiosa a fundação do sétimo, que receberia o nome de Tenda São
Jerônimo (a casa de Xangô). Faltava um dirigente adequado à mesma, quando numa noite de
quinta feira, José Alvares Pessoa, espírita e estudioso de todos os ramos do espiritualismo,
não dando muito crédito ao que lhe relatavam sobre as maravilhas ocorridas em Neves,
resolveu verificar pessoalmente o que se passava.
Logo que entrou na sala em que se reuniam os discípulos do Caboclo das Sete
Encruzilhadas, este interrompeu a palestra e disse:
Já podemos fundar a Tenda São Jerônimo e seu dirigente acaba de chegar. O senhor
Pessoa ficou muito surpreso, pois era desconhecido no ambiente e não anunciara a sua
visita. Viera apenas verificar a veracidade do que lhe narravam. Após breve diálogo em que o
Caboclo das Sete Encruzilhadas demonstrou conhecer a fundo o visitante, José Alvares
Pessoa assumiu a responsabilidade de dirigir o último dos sete templos que a entidade criava.
Dezenas de templos e tendas, enquanto Zélio esteve encarnado foram fundadas mais de
10.000 tendas. Após 55 anos de atividades este entregou a direção dos trabalhos da Tenda
Nossa Senhora da Piedade às suas filhas, Zélia e Zilméia. Zélio desencarnou no dia 03 de
outubro de 1975.