Será mantido pelo Grupo de Estudos do Terreiro da Vó Benedita

Tentaremos colocar aqui a religião de uma forma pratica com uma linguagem simples de se entender, sem usar expressões antigas e desconhecidas, mas sim simplificando, da forma que nosso mentor o Caboclo das Sete Encruzilhadas quer que seja nossa religião.

A Umbanda é simples, pessoas que não estudam que não se atualizam que tem medo, que tem vaidade que complicam nossa Sagrada.

Em 2013 nosso grupo de Estudos foi focado em temas básicos da Umbanda, e conseguimos construir um conjunto de 10 apostilas básicas , com assuntos essenciais a nossa religião.

No ano de 2014 iremos focar assuntos mais complexos e misteriosos de nossa Umbanda e ate mesmo de outras religiões.

Estaremos fazendo sempre uma vez ao mês na primeira ou segunda terça feira do mês.

Teremos uma hora de palestra sobre algum desses assuntos, com algum convidado participando e depois uma hora de desenvolvimento aos médiuns da casa

Lembrem disso...o desenvolvimento do médium não deve ser apenas espiritual, mas também desenvolver seu intelecto...estudar...entender as obrigações que são pedidas e feitas.

Contatos e sugestões :

João Carlos Galerani Junior - paijoaozinho@terreirodavobenedita.com

Dirigente do Terreiro da Vó Benedita

Terreirodavobenedita.com

quarta-feira, 15 de julho de 2015

ORIGEM DA UMBANDA


Em 1908, o jovem Zélio Fernandino de Moraes estava com 17
anos e havia concluído o curso propedêutico (equivalente ao atual
Ensino Médio). Zélio preparava-se para ingressar na Escola Naval,
quando fatos estranhos começaram a acontecer.
Às vezes, ele assumia a estranha postura de um velho, falando
coisas aparentemente desconexas, como se fosse outra pessoa e que
havia vivido em outra época. Em certas ocasiões, sua forma física
lembrava um felino lépido e desembaraçado que parecia conhecer
todos os segredos da Natureza, os animais e as plantas.
Esse estado de coisas logo chamou a atenção de seus familiares,
principalmente porque ele se preparava para seguir carreira na
Marinha, como aluno oficial. As coisas foram se agravando e os chamados "ataques" repetiam-se
cada vez com maior intensidade. A família recorreu então ao médico Dr. Epaminondas de
Moraes, tio de Zélio e diretor do Hospício de Virgem Grande.
Após examiná-lo e observá-lo durante vários dias, encaminhou à família dizendo que a loucura
não se enquadrava em nada do que ele havia conhecido, ponderando ainda que fosse melhor leválo
a um padre, pois o garoto mais parecia estar endemoninhado. Como acontecia com quase todas
as famílias importantes, também havia na família Moraes um padre católico. Por meio desse
sacerdote, também tio de Zélio, foi realizado um exorcismo para livrá-lo daqueles incômodos.
Entretanto, nem esse, nem os dois outros exorcismes realizados posteriormente, inclusive com a
participação de outros sacerdotes católicos, conseguiram dar aos Moraes o tão desejado sossego,
pois as manifestações prosseguiram, apesar de tudo.
Depois de um certo tempo, Zélio passou alguns dias com uma espécie de paralisia, quando,
repentinamente, se levantou e se sentiu completamente curado. No dia seguinte, voltou a caminhar
como se nada tivesse ocorrido. Sua mãe, Dona Leonor de Moraes, levou-o a uma curandeira,
muito conhecida na região, Dona Cândida, que incorporava o espírito de um Preto-Velho chamado
Tio António. Essa entidade conversou com Zélio e fazendo suas rezas disse-lhe que possuía o
fenômeno da mediunidade e deveria trabalhar para a caridade. O pai de Zélio, Sr. Joaquim Fernandino
Costa, apesar de não freqüentar centros espíritas, já era um adepto do Espiritismo, fazendo muitas
leituras desse gênero.
No dia 15 de novembro de 1908, por sugestão de um amigo de seu pai, Zélio foi levado à
recém-fundada Federação Espírita de Niterói, município vizinho àquele onde residia à família
Moraes, ou seja, Neves. A Federação era, então, presidida pelo senhor José de Souza
(conhecido como Zeca, segundo palavras de Zélio), chefe de um departamento da Marinha
chamado Toque-Toque.
O jovem Zélio foi conduzido à mesa pelo senhor José de Souza e, tomado por uma força
estranha e alheia à sua vontade, levantou-se e disse: Aqui está faltando uma flor. Saiu da
sala em direção ao jardim, voltando logo a seguir com uma flor que colocou no centro da
mesa. Essa atitude causou um grande tumulto entre os presentes principalmente porque, ao
mesmo tempo em que isso acontecia, ocorreram surpreendentes manifestações de Caboclos
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e Preto-Velhos. O diretor da sessão achou aquilo tudo um absurdo e advertiu-os, com
aspereza, citando o "seu atraso espiritual" e convidando-os a se retirarem.
O senhor José de Souza, médium vidente, interpelou o espírito manifestado no jovem
Zélio e foi, aproximadamente, este o diálogo ocorrido:
Sr. José: Quem é você que ocupa o corpo deste jovem?
O espírito: Eu sou apenas um caboclo brasileiro.
Sr. José: Você se identifica como um caboclo, mas eu vejo em você restos de vestes
clericais.
O espírito: O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre, meu
nome era Gabriel Malagrida e, acusado de bruxaria, fui sacrificado na fogueira da Inquisição
por haver previsto o terremoto que destruiu Lisboa, em 1775. Mas, em minha última
existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como um caboclo brasileiro.
Sr. José Por que o irmão fala nesses termos, pretendendo que esta mesa aceite a
manifestação de espíritos que pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados são
claramente atrasados? E qual é o seu nome irmão?
O espírito: Se julgam atrasados esses espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que
amanhã estarei na casa deste aparelho (o médium Zelio) para dar início a um culto em que
esses pretos e esses índios poderão dar a sua mensagem, e, assim, cumprir a missão que o
plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a
igualdade que deve existir entre todos os irmãos encarnados e desencarnados. E se querem
saber o meu nome, que seja este: "Caboclo das Sete Encruzilhadas", porque não haverá
caminhos fechados para mim. Venho trazer a Umbanda, uma religião que harmonizará as
famílias e que há de perdurar até o final dos séculos.
No desenrolar dessa "entrevista", entre muitas outras perguntas, o senhor José de
Souza interrogou se já não bastavam às religiões existentes e fez menção ao Espiritismo,
então praticado, e foram estas as palavras do Caboclo das Sete Encruzilhadas:
O senhor José de Souza fez ainda uma última pergunta: "Pensa o irmão que alguém irá
assistir o seu culto"? Ao que o Caboclo respondeu: Cada colina de Niterói aluará como portavoz
anunciando o culto que amanhã iniciarei.
ou pobre, poderoso ou humilde, todos se tomam iguais na morte, mas vocês homens
preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar
essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Por que não podem nos
visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas
importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além? Por que o não aos
Caboclos e Preto-
Prosseguindo diante do senhor José de Souza, disse ainda o Caboclo das Sete
Encruzilhadas:
o meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e qualquer
entidade que queira se manifestar, independentemente daquilo que haja sido em vida, todos
Umbanda Página 9
serão ouvidos e nós aprenderemos, com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos
aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas nem diremos não, pois esta é
Sr. José: E que nome darão a esta igreja?
O Caboclo: Tenda Nossa Senhora da Piedade, pois da mesma forma que Maria amparou
nos braços o filho querido, também serão amparados os que se socorrerem da Umbanda.
A denominação de "Tenda" foi justificada assim pelo Caboclo: Igreja, Templo, Loja dão
um aspecto de superioridade enquanto Tenda lembra uma casa humilde. Ao final dos
trabalhos, o Caboclo das Sete Encruzilhadas pronunciou a seguinte frase: Levarei daqui uma
semente e vou plantá-la nas Neves onde ela se transformará em árvore frondosa.
No dia seguinte, na Rua Floriano Peixoto, n° 30, em Neves, município de São Gonçalo,
estado do Rio de Janeiro, o Caboclo baixou. Na sala de jantar da família Moraes, às 20h do
dia 16 de novembro de 1908, um grupo de curiosos kardecistas e dirigentes da Federação
Espírita de Niterói estavam presentes para ver como seriam essas incorporações, para eles
indesejáveis ou injustificáveis.
Pontualmente às 20 horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas incorporou e com as
palavras abaixo iniciou seu culto: - Vim para fundar a Umbanda no Brasil, aqui se inicia um
novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos e os índios nativos de nossa terra
poderão trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça,
credo ou posição social.
Logo após a incorporação, o Caboclo foi atender um paralítico, curando-o imediatamente.
Várias pessoas doentes ou perturbadas tomaram passes e algumas se disseram curadas. O
diálogo do Caboclo das Sete Encruzilhadas, como passou a ser chamado, havia provocado
muita especulação e alguns médiuns que haviam sido banidos das mesas kardecistas, por
haverem incorporado Caboclos, Crianças ou Preto-Velhos, solidarizaram-se com aquele
garoto que parecia não estar compreendendo o que lhe acontecia e que de repente se via
como líder de um grupo religioso, obra essa que só terminaria com a sua morte, mas que
suas filhas Zélia de Moraes e Zilméia de Moraes prosseguiram com o mesmo afã. Dona Zélia
desencarnou em 1997 e Dona Zilméia, atualmente com 93 anos, continua sua tarefa
mediúnica na Cabana de Pai António.
No final dessa reunião, o Caboclo ditou certas normas para a seqüência dos trabalhos,
inclusive atendimento absolutamente gratuito, uso de roupas brancas simples, sendo os
cânticos baixos e harmoniosos. A esse novo tipo de culto que se estruturava nessa noite, ele
denominou de Umbanda, que seria a manifestação do espírito para a caridade.
Após a "subida" do Caboclo, manifestou-se uma entidade conhecida como "preto velho"
que saindo da mesa se dirigiu a um canto da sala onde permaneceu agachado. Questionado
sobre o porquê de não ficar na mesa respondeu:
"- Nego num senta não meu sinhô, nego fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e
nego deve arespeita". Após insistência ainda completou: "-Num carece preocupa não, nego
fica no toco que é lugar de nego!" E assim continuou dizendo outras coisas mostrando a
simplicidade, humildade e mansidão daquele que trazendo o estereótipo do preto velho, se
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identificou como Pai António e logo cativou a todos com seu jeito.
ele não ac - Minha cachimba, nego quê o pito que
. Esta frase originou o ponto cantado com este texto.
Todos ficaram perplexos, estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento
material de trabalho dentro da Umbanda. Na semana seguinte todos trouxeram cachimbos
que sobraram diante da necessidade de apenas um para o Pai António. Assim, o cachimbo foi
instituído na linha de pretos velhos. Pai António também foi a primeira entidade a pedir uma
guia (colar) de trabalho.
O pai de Zélio freqüentemente era abordado por pessoas que queriam saber como ele
aceitava tudo isso que vinha acontecendo em sua residência. Sua resposta era sempre a
mesma, em tom de brincadeira respondia que preferia um filho médium em lugar de um filho
louco. Foi um trabalho árduo e incessante para o esclarecimento, difusão e sedimentação da
Umbanda.
Dez anos após a fundação da Tenda Nossa Senhora da Piedade registrada como tenda
Espírita, por não ser aceito na época o registro de uma entidade com especificação de
Umbanda, o Caboclo das Sete Encruzilhadas declarou que iniciava a segunda parte de sua
missão: a criação de sete templos, que seriam o núcleo do qual se propagaria a religião da
Umbanda.
Em 1935, estavam fundados os sete templos idealizados pelo Caboclo das Sete
Encruzilhadas, sendo curiosa a fundação do sétimo, que receberia o nome de Tenda São
Jerônimo (a casa de Xangô). Faltava um dirigente adequado à mesma, quando numa noite de
quinta feira, José Alvares Pessoa, espírita e estudioso de todos os ramos do espiritualismo,
não dando muito crédito ao que lhe relatavam sobre as maravilhas ocorridas em Neves,
resolveu verificar pessoalmente o que se passava.
Logo que entrou na sala em que se reuniam os discípulos do Caboclo das Sete
Encruzilhadas, este interrompeu a palestra e disse:
Já podemos fundar a Tenda São Jerônimo e seu dirigente acaba de chegar. O senhor
Pessoa ficou muito surpreso, pois era desconhecido no ambiente e não anunciara a sua
visita. Viera apenas verificar a veracidade do que lhe narravam. Após breve diálogo em que o
Caboclo das Sete Encruzilhadas demonstrou conhecer a fundo o visitante, José Alvares
Pessoa assumiu a responsabilidade de dirigir o último dos sete templos que a entidade criava.
Dezenas de templos e tendas, enquanto Zélio esteve encarnado foram fundadas mais de
10.000 tendas. Após 55 anos de atividades este entregou a direção dos trabalhos da Tenda
Nossa Senhora da Piedade às suas filhas, Zélia e Zilméia. Zélio desencarnou no dia 03 de
outubro de 1975.

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